sexta-feira, 29 de junho de 2012

O futuro do Mercosul, por José Dirceu





O atual contexto político, econômico e social na América Latina, associado à conjuntura internacional, conduz a uma reflexão sobre o futuro do Mercosul, alimentando a inescapável dúvida: o bloco está fadado à dissolução?

Há fortes razões, hoje, para sustentar uma resposta afirmativa, como aliás tem sido feito por diversos analistas. Afinal:

1. Assistimos a um penoso processo de desgaste na zona do euro, devido a dificuldades econômicas e ausência de lideranças políticas, que provoca profundos questionamentos sobre o acerto na decisão de constituição do bloco;

2. A crise econômica internacional exacerbou a corrida por soluções individualizadas, com cada país buscando se proteger sozinho do maremoto no lugar de saídas conjuntas e partilhadas, ensejando práticas cada vez mais protecionistas;

3. Há dificuldades na equalização das relações comerciais entre Brasil e Argentina, especialmente, por decisões de proteção questionáveis do lado argentino, o que empurra os países da região para a assinatura de acordos bilaterais;

4. A crise política que atingiu o Paraguai, com um golpe de Estado que destituiu o presidente Fernando Lugo do cargo e relembrou os tempos de instabilidade política na região, aumenta o quadro de incertezas;

e, 5. Chile, Peru, Colômbia e México anunciaram a formação de um bloco comum de livre comércio, talvez com a presença futura de Panamá e Costa Rica, com vistas a rivalizar com o Mercosul.

Contudo, sentenciar o fim do Mercosul parece ser a conclusão mais fácil, mas longe de ser a melhor. Nesse sentido, a questão que devemos nos colocar é como trilhar o desejável caminho de avançar na consolidação e integração regional, que será mais favorável para os países-membros do bloco.

Nenhum comentário:

Postar um comentário